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Edição 5 - John Wayne Gacy, o palhaço do horror

  • Foto do escritor: Tilara Neutzling
    Tilara Neutzling
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

Por Tilara Neutzling, Psicóloga Pós-graduada em Investigação Forense e Perícia Criminal


John Wayne Gacy nasceu em 17 de março de 1942, em Chicago, no seio de uma família de classe média católica. Filho de um pai alcoolista e agressivo, mas também de uma mãe protetora, Gacy cresceu tentando provar seu valor em um ambiente contraditório: reprimido dentro de casa, mas reconhecido fora dela como um jovem esforçado. Sofreu de problemas de saúde na infância, desmaios e convulsões que o afastaram de esportes e amizades mais sólidas, mas nada em seu histórico parecia prenunciar que se tornaria o “palhaço assassino”.


Na vida adulta, construiu a imagem perfeita de respeitabilidade. Casou-se, teve filhos, prosperou como empreiteiro e chegou a presidir um comitê local do Partido Democrata em Des Plaines, Illinois. Sua casa era palco de churrascos, encontros políticos e festas. Ele sabia cultivar conexões: vizinhos o consideravam simpático, patrões o achavam confiável, e a comunidade o via como alguém disposto a ajudar. Essa fachada, contudo, era apenas a cortina de um palco sinistro.

Entre 1972 e 1978, Gacy sequestrou, violentou e assassinou pelo menos 33 jovens, muitos deles meninos de 15 a 18 anos, que buscavam trabalho temporário ou caronas rápidas. As abordagens eram planejadas: ele oferecia empregos na construtora, simulava ser policial, ou usava o uniforme de palhaço para ganhar confiança. Uma vez dentro de sua casa, os rapazes eram subjugados por um “truque de algemas”, um suposto jogo de mágica que, na verdade, selava seu destino.


Mais da metade dos corpos foi encontrada enterrada no próprio subsolo de sua residência, em um labirinto de covas improvisadas. O detalhe brutal é que Gacy viveu anos literalmente acima de seus crimes, dormindo no andar superior enquanto o piso escondia o silêncio de dezenas de vidas interrompidas.


Do ponto de vista psiquiátrico, John Wayne Gacy apresenta um quadro compatível com transtorno de personalidade antissocial, caracterizado por manipulação, impulsividade calculada e ausência de remorso. Ao longo de sua existência, evidenciou comportamentos de controle extremo, sadismo sexual e compulsão por domínio sobre outros, sugerindo sobreposição com traços de transtornos parciais do espectro narcisista e sádico.


Sua prisão em 1978 foi resultado do desaparecimento de Robert Piest, um adolescente de 15 anos. A investigação revelou contradições nos relatos de Gacy, e um mandado de busca trouxe à tona pertences das vítimas e o odor de decomposição vindo das tábuas do assoalho. A cena impressionou até policiais experientes: a cada escavação, novos restos humanos emergiam.


Julgado em 1980, Gacy foi condenado à pena de morte por 33 assassinatos. Passou 14 anos no corredor da morte, onde produziu pinturas que chegaram a ser vendidas em leilões. Em 10 de maio de 1994, foi executado por injeção letal. Suas últimas palavras, frias e provocativas, foram: “Kiss my ass” (beije minha bunda).


O que Gacy deixou não se mede apenas em crimes, mas em como a sociedade tenta entender monstros que caminham entre nós. Seu caso transformou o olhar sobre segurança, confiança e vigilância, forçando a repensar estruturas que julgávamos estáveis.

O mais inquietante talvez seja perceber que ele não foi só um indivíduo isolado, mas um catalisador para debates sobre vulnerabilidade, manipulação e responsabilidade coletiva, que, mesmo décadas depois, ainda desafia a compreensão de como o mal pode se infiltrar nos detalhes mais banais da vida cotidiana.

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