Ozzy e eu: uma despedida ao Príncipe das Trevas
- Jefferson Dieckmann

- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Até pareceu predestinação — como quase tudo em sua vida. Apenas dezessete dias após fazer seu último show, “Back to Beginning”, em Birmingham, sua cidade natal, Ozzy Osbourne, o eterno “Príncipe das Trevas”, se despediu deste mundo.
A história do heavy metal não pode ser contada sem ele. Foi da quase improvável reunião de quatro jovens do bairro de Aston, na cinzenta cidade industrial inglesa, que nasceu o Black Sabbath — banda que não apenas criou como também se tornou a grande protagonista do gênero. Quando Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne se uniram, surgiu um novo som: sombrio, pesado, sepulcral. Um estilo único que mudaria a história da música para sempre.
Curiosamente, o garoto John Michael Osbourne sofria bullying na escola e era chamado de “Ozzy” como um apelido sarcástico. Quem apostaria que aquele jovem deixaria uma marca tão profunda no mundo?
Meu primeiro contato com Ozzy foi em 1974, quando estudava na Escola Técnica Federal de Pelotas. O disco? O homônimo Black Sabbath, álbum de estreia da banda. Ao ouvir os primeiros acordes poderosos, combinados com a voz rasgada e inconfundível do vocalista, minha sintonia foi imediata — e eterna.
A vida de Ozzy foi tudo, menos convencional. Foi demitido do Black Sabbath, mergulhou no abuso de álcool e drogas, viveu excessos, escândalos — e também glórias. Em carreira solo, consolidou-se como um dos maiores (senão o maior) nomes do rock pesado.
Na contramão de sua imagem de astro rebelde, protagonizou um reality show na TV americana, onde surgia como um pai amoroso e marido atencioso. Entre insanidades e afeto, loucura e carisma, Ozzy construiu um legado raro: foi ícone, foi lenda, foi entidade — e tudo isso ao mesmo tempo.
Louco, caricato, divertido. Assim era o “Príncipe das Trevas”. E é uma pena perder alguém assim. O mundo fica, sem dúvida alguma, muito mais sem graça.
Como consolo, resta o pensamento de que ele viveu à sua maneira — e deixou seu nome para sempre na história da música mundial.
Vá em paz, Ozzy. Sua missão está cumprida. E você estará conosco a cada vez que um vinil de rock pesado estiver rodando. Até um dia. See you later…









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