O Dilema Nosso de Cada Dia
- Jefferson Dieckmann
- 22 de jul.
- 2 min de leitura
Em um mundo cada vez mais moderno, estamos regredindo em consciência, saúde e humanidade
Para quem já presenciou outras épocas neste mundo, não é difícil perceber que estamos vivendo tempos diferentes — e não necessariamente melhores. Situações que antes seriam vistas como alarmantes hoje são encaradas com uma naturalidade inquietante. Há uma incredulidade disfarçada em nosso cotidiano.
A montanha invisível de lixo
Nunca produzimos tanto lixo como agora. Cada lanche ou refeição pronta vem acompanhado de copos, talheres descartáveis, invólucros e sacolas plásticas. A ordem é “jogar fora” — mas esquecemos que esse “fora” não existe. A Terra é uma só, e o que fazemos é apenas transferir resíduos de lugar, contaminando solos, rios e oceanos.
Segundo estudos, o Brasil produz 211 mil toneladas de lixo por dia — o equivalente a 1 quilo por pessoa, diariamente. O mais alarmante é a ausência de políticas sérias e efetivas para tratar esse volume de resíduos ou propor alternativas reais para sua redução.
Vacinas: da confiança à dúvida
Outro exemplo preocupante é o retrocesso na área da saúde. Vacinar-se sempre foi uma prática comum do brasileiro. Campanhas de imunização movimentavam multidões em postos de saúde. Mas, nos últimos anos, surgiram questionamentos sobre a eficácia e os reais objetivos das vacinas, alimentados por desinformação.
O resultado é claro: o Brasil voltou a figurar entre os países com maior número de crianças não imunizadas no mundo. Um dado alarmante para um país que já foi referência em campanhas de vacinação.
Guerra: a nova banalidade
Diariamente, assistimos pela televisão cenas de ataques aéreos, incursões terrestres e outras ações militares. São mortes, destruição e sofrimento humano em larga escala — notícias que se tornaram tão frequentes que parecem pertencer ao caderno de variedades.
Essa normalização da violência e do caos revela um enrijecimento coletivo diante da dor alheia. O sofrimento humano foi transformado em mais um capítulo a ser assistido do sofá.
Um mundo na contramão
Apesar de todo o avanço tecnológico, parece que estamos regredindo em conceitos, certezas e conhecimento. A inteligência humana — que deveria nos levar à evolução — parece cada vez mais desconectada do bom senso e da responsabilidade coletiva.
Mudanças climáticas, crises ambientais, negação da ciência e banalização da vida são sinais de um colapso em curso.
Ainda há tempo?
A pergunta que fica é: haverá tempo para mudar o rumo? Ou estamos fadados a desaparecer como espécie pensante? A resposta talvez não esteja em uma grande revelação, mas sim nas pequenas atitudes do cotidiano.
Os próximos capítulos da nossa história estarão nas telas da televisão... ou em uma banca de jornal perto de você.Socorro!
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