Elsa Timm: psicóloga, escritora e guardiã de histórias

Subtítulo:A trajetória de uma mulher que dedicou a vida à saúde mental, à família e às histórias que inspiram gerações.

Meu nome é Elsa Timm. Sou psicóloga, escritora e contadora de histórias − especialmente para minhas netas. Também sou torcedora animada e aspirante a voltar às quadras de padel, mesmo me aproximando dos 70 anos. Com o professor André, tudo parece possível!

Bom Jesus, o lugar de onde venho, é terra de gente persistente. Na década de 1960, havia escolas apenas até o quarto ano. Por isso, aos dez anos, fui morar na casa da família de Rodolfo Bersch em Boa Vista, para poder continuar os estudos. Guardo no coração os amigos que fiz por lá.

Depois de um ano, segui para uma longa permanência em internatos − primeiro na Fundação Evangélica em Novo Hamburgo, depois no Colégio Sinodal em São Leopoldo. Foi difícil ficar longe da família, e só mais tarde entendi o privilégio que tive.

Voltei para a nossa região e, em Pelotas, ingressei na universidade, fazendo parte da primeira turma de Psicologia da UCPEL. Morando em um pensionato com outras estudantes, formamos uma amizade que dura até hoje.

Com o diploma na mão, encontrei pelo caminho a Arita Bergmann e o médico psiquiatra Flávio Resmini. Fomos autores de muitos projetos, mas o que mais se destacou foi a criação de um serviço de saúde mental chamado Nossa Casa, que se tornou o primeiro CAPS do Rio Grande do Sul. Esse trabalho é um dos orgulhos da minha vida, ao lado da alegria de ver meus três filhos − Gunter, Bettina e Max − brilhando no mundo.

Os tempos não eram fáceis para quem vivia abandonado nos hospitais psiquiátricos. Lutamos em muitas frentes para devolver dignidade a essas pessoas. Os primeiros trabalhadores, e foram muitos, são verdadeiros heróis pelas transformações que realizaram.

Recebi uma bolsa de estudos para estudar na Alemanha e, ao retornar, implantei diversos serviços na nossa cidade e região com o apoio de uma ONG alemã que, até hoje, auxilia famílias em situação de vulnerabilidade social.

Presido a ALMA — Associação Lourenciana Mais Amor, que desenvolve projetos com essas famílias. Também fui secretária de Saúde por 11 anos, em Turuçu e São Lourenço. Com a ajuda da mesma ONG, conseguimos criar dispositivos fundamentais para o cuidado da população.

Não esqueci o pomerano: mantenho conversas com amigas nessa língua, como forma de preservar a herança afetiva e cultural.

Aposentada depois de mais de trinta anos de serviço público e de consultório, sigo estudando, fazendo cursos e agora, com alegria, entrei no mundo dos escritores. Em breve, meu romance O Segredo das Cinzas circulará entre nós. Vamos ver o que vocês vão achar dessa leitura de férias!

Assim sou eu: uma pessoa simples e agradecida por tudo o que a vida me deu − e, quando não me deu, encontrei forças para buscar.