Afubra: 70 anos dedicados ao fumicultor
- Guerda Maria Kuhn
- 11 de jul.
- 4 min de leitura
Afubra criou Sistema Mutualista para ajudar fumicultores prejudicados por chuva de granizo
O ano era 1954 quando produtores de tabaco foram impactados por uma chuva de granizo, que devastou a propriedade e a fonte de renda dos agricultores. Um episódio que, apesar de comum nos tempos atuais, era agravado pela falta de auxílio financeiro nesses casos. E eventos climáticos consecutivos pioravam a instabilidade na produção e no preço do tabaco.
Na época, os produtores pediram ajuda ao também produtor e vereador à época de Santa Cruz do Sul/RS, Harry Antônio Werner, (residente em Formosa, então distrito de Santa Cruz do Sul). Com estoques cada vez maiores, a indústria era quem ditava os preços – e o pagamento ao agricultor ocorria apenas no final da comercialização (e parte na safra seguinte) ou só na próxima safra.
A apreensão pelo impacto no sustento fez com que Werner e demais produtores logo se organizassem. Em poucos meses, foi fundada a Associação dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande do Sul. A fundação completou 70 anos em 21 março de 2025.
Com uma instituição, os preços do tabaco podiam ser negociados e o pagamento passou a ser realizado à vista ou em curto prazo. As avaliações de estragos eram feitas pelos próprios produtores-fundadores. O governo do Estado do Rio Grande do Sul já tinha uma lei para subsidiar o seguro agrícola. O governador na época, Ildo Meneghetti, sugeriu a criação de uma instituição para permitir o subsídio agrícola.
O impacto positivo na segurança do fumicultor gaúcho atraiu a atenção dos produtores de Santa Catarina e Paraná, quando, em 1963, a associação gaúcha passou a ter abrangência para o Sul do Brasil, tornando-se a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
Para ajudar os produtores financeiramente, em 1956 a Associação desenvolveu o próprio sistema de subsídio. Um programa de auxílios mútuos, com benefícios criados e administrados pela entidade e aprovados pelos associados em assembleia geral anual. Além da contribuição dos próprios associados, empresas do ramo e o governo do Estado auxiliavam com o sistema mutualista. A ajuda da administração estadual foi até 1963, quando a instituição passou a ter atuação com os produtores catarinenses e paranaenses.
Anteriormente, administrados pela diretoria da entidade, os auxílios passaram a contar com avaliadores para análise local e detalhada e ainda melhorias no sistema de inscrição e de avaliação. No início da Associação, as avaliações eram feitas com um lápis; hoje, cada vez mais, na era da tecnologia. Cerca de 85% dos produtores de tabaco se associam e se inscrevem no Sistema Mutualista para ter a segurança de auxílio.
Com 95 mil associados (números que mudam a cada safra), a Afubra segue pioneira no Sistema Mutualista. Acompanhando a evolução do tempo, diferente de sete décadas atrás, hoje o custo de produção do tabaco está referendado pelos coeficientes técnicos, parâmetro avaliado e construído pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esses levantamentos são feitos em várias etapas junto ao produtor, desde a semeadura, o plantio, a colheita e também a classificação (e comercialização). Com esse parâmetro de custo de produção, as entidades negociam o preço mínimo a ser praticado na safra.
A Afubra também segue incentivando a diversificação de cultura por parte do produtor de tabaco. Entre os associados, um mapa de pesquisa aponta que 55% da renda do agricultor é com o tabaco e 45% com a diversificação, sendo a criação de aves, suínos, leite, grãos, vegetais e hortaliças. Além disso, tecnologia e inovação, questões ambientais e sucessão familiar também são algumas das bandeiras levantadas pela entidade.
De Departamento de Fomento à Agro-Comercial Afubra Ltda.
Lojas atendem a mais de 40 mil produtores rurais do sul do Brasil
Desde sua fundação, há sete décadas, a Afubra tem acompanhado as transformações, evoluindo junto com as demandas do campo. Dentro dessa trajetória, a Agro-Comercial se consolidou como um dos pilares da Afubra, impulsionando a diversificação agrícola. Criado no final da década de 1950 para comercializar ferramentas, sementes e insumos agrícolas, além de oferecer orientação técnica especializada aos produtores, o Departamento cresceu com a abertura de filiais e, em 1994, deu origem à Agro-Comercial Afubra Ltda.
Hoje, com 31 lojas físicas distribuídas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, disponibiliza uma ampla gama de produtos, como sementes, fertilizantes, agroquímicos, biológicos, veterinária, ferramentas, máquinas, materiais elétricos, energia solar, tintas, móveis, eletrodomésticos, som e imagem, bazar, camping e lazer, entre outros. Além das lojas físicas, conta com o e-commerce.
O departamento Agro-Comercial da Afubra também opera duas centrais de distribuição, localizadas em Santa Cruz do Sul/RS e em Mafra/SC, além de uma unidade de recebimento de grãos em Rio Pardo/RS, com capacidade de armazenamento de 828 mil sacas, atendendo 28 municípios. Pioneira na automação no Rio Grande do Sul, a unidade conta com tecnologia de ponta e informa os produtores, por meio de aplicativos de mensagens e do Afubra Mais, sobre as atualizações diárias das cotações de grãos no mercado financeiro. Essas informações auxiliam na tomada de decisões tanto para a venda de grãos quanto para a compra de insumos.
Além da infraestrutura, a Afubra valoriza a diversificação produtiva e investe em estratégias modernas e assertivas para os agricultores, estabelecendo parcerias com instituições de pesquisa de renome. O objetivo desse trabalho é conectar iniciativas públicas e privadas aos associados, facilitando o acesso a produtos e tecnologias que impulsionam a produção agrícola. Um exemplo de sucesso dessa abordagem é o projeto de propagação vegetativa de cultivares de batata-doce, realizado há mais de 10 anos em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A batata-doce, por sua viabilidade em pequenas áreas, tem sido uma alternativa para diversificação de lavouras, especialmente de tabaco. Além de gerar renda extra, sua plantação contribui para a qualidade do solo, fator essencial diante das mudanças climáticas. O Viveiro Agroflorestal Afubra, localizado no Centro de Difusão Agropecuária de Rio Pardo, também desempenha um papel fundamental nesse processo, produzindo mudas florestais e agrícolas que incentivam a formação de florestas e a aplicação de técnicas alinhadas à legislação ambiental – um compromisso da entidade há mais de quatro décadas.
Atualmente, o departamento Agro-Comercial da Afubra atende diretamente a mais de 40 mil produtores rurais nos três Estados onde atua. Além da assistência técnica nas propriedades, investe em eventos como dias de campo, que aproximam os produtores das novidades em sementes e fertilizantes, sempre respeitando as particularidades de cada propriedade e contando com a presença de especialistas.









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