top of page
  • Instagram
  • Facebook
  • Whatsapp
  • letter
  • Localização

Edição 6 - O Maníaco do Parque: quando a sedução vira armadilha mortal

  • Foto do escritor: Tilara Neutzling
    Tilara Neutzling
  • 19 de set.
  • 2 min de leitura


Por Tilara Neutzling, Psicóloga Pós-graduada em Investigação Forense e Perícia Criminal


Francisco de Assis Pereira nasceu em 1967, em Guaraciaba do Norte, Ceará. Sua infância apresenta indicadores de vulnerabilidade psicológica: isolamento social, exposição a abusos sexuais e dificuldades na saúde física que limitavam atividades normais para a faixa etária. Esses fatores, associados à frustração precoce e à dificuldade de estabelecer vínculos seguros, podem ter contribuído para o desenvolvimento de traços antissociais, impulsividade controlada e distorções na percepção de poder e domínio sobre o outro.


Na vida adulta, Pereira transitou em ocupações que proporcionavam contato com jovens em busca de oportunidades, como estúdios de fotografia e trabalhos urbanos. Ele desenvolveu um padrão de atração baseado na promessa de carreira e ascensão social, explorando expectativas de sucesso e desejo de reconhecimento das vítimas. Esse comportamento revela planejamento e instrumentalização de relações interpessoais, características compatíveis com transtorno de personalidade antissocial. A presença de fimose secundária sugere que sua violência sexual poderia estar parcialmente ligada a frustrações fisiológicas, amplificando sua necessidade de controle e satisfação sexual por meio de atos coercitivos.


O modus operandi de Pereira evidencia consistência e sofisticação criminal: abordava mulheres jovens de forma sedutora, oferecia oportunidades e exercia persuasão psicológica antes de subjugar fisicamente. O ato de morder as vítimas representa expressão de sadismo sexual e simboliza domínio. Entre 1997 e 1998, suas ações evoluíram para sequestro, agressão sexual e homicídio, com clara intenção de eliminar testemunhas e controlar o ambiente. O comportamento revela consciência plena dos atos, planejamento sistemático e adaptação às respostas das vítimas, caracterizando crimes altamente organizados.


A prisão ocorreu após denúncias de sobreviventes e investigação policial detalhada, que identificou padrões repetitivos e inconsistências nos relatos de Pereira. Na prisão, surgiram novos comportamentos de interesse para a psiquiatria forense: automutilação ao remover dentes e adoção de trejeitos feminilizados. Esses elementos indicam desorganização psíquica progressiva, distorção de identidade e possíveis tentativas de manejo de poder e sobrevivência no ambiente carcerário. Do ponto de vista clínico, o conjunto sugere transtorno de personalidade antissocial com traços sádicos e distúrbios de identidade sexual, reforçando o caráter metódico e sexualmente compulsivo de sua criminalidade.


O estudo do caso de Francisco de Assis Pereira é relevante para a criminologia e a psicologia forense por demonstrar como fatores pessoais, sociais e fisiológicos podem convergir para estruturar violência extrema. Ele evidencia que a criminalidade sexual e homicida pode surgir da combinação de planejamento, manipulação, frustração e compulsões, e que indivíduos com habilidades cognitivas preservadas podem organizar atos de destruição de forma sistemática, explorando vulnerabilidades externas e internas. O caso permanece como referência para avaliação de predadores sexuais urbanos e para o desenvolvimento de protocolos de prevenção e investigação de crimes de alta complexidade.

Comentários


RECEBA AS NOSSAS ÚLTIMAS NOVIDADES NO TEU E-MAIL!

© 2008-2025 Agencia Yaih 

Obrigado por nos enviar

bottom of page