Os últimos acontecimentos climáticos que atingiram nosso estado demonstram a fragilidade no abastecimento de energia elétrica e nas redes de comunicação, em especial serviços de telefonia móvel. O ciclone tropical anunciado pelas previsões meteorológicas de longe teve efeito maior do que o propagado, onde inúmeras comunidades permaneciam sem fornecimento de energia elétrica por mais de 240 horas, fato inconcebível por considerar este serviço de primordial importância na vida humana.
Este caso acende um alerta para uma sociedade que insiste em seguir tendências modernas, tecnológicas e de fácil substituição. Longe aqui de julgar desnecessário, mas a reflexão remete que podemos vivenciar novos e constantes “apagões” e não apenas de energia elétrica, mas de comunicação, hoje tão presente na palma da mão.
Nos dias em que minha comunidade foi atingida pela falta de energia elétrica e na ausência de comunicação social instantânea, lembrei-me do tempo que residia na zona rural. Nessa época não tão distante, éramos previdentes para enfrentar dias sem energia elétrica, vendavais e temporais. Além das crenças, orações e simpatias para espantar as tempestades, a família organizava velas para iluminar as noites escuras, lenha para o fogão, pilha para ouvir o rádio AM (com muitas interferências), para as crianças um bom livro e brinquedos para entreter.
Na atualidade temos por habito armazenamos fotografias, documentos, livros e outros arquivos na “nuvem” do celular ou notebook. Temos músicas, milhares de rádios e podcast também nesse formato. Mas e quando a energia elétrica faltar novamente? Quando não for possível acessar esses documentos e a bateria acabar? Quando a comunicação telefônica e social demorar a ser restabelecida? O que faremos?
Esses chamados buscam refletir ao leitor, que talvez nos dias atuais a modernidade esteja aqui para colaborar com nossas vidas, mas que segue sendo importante preservar o passado. Então no modo de vida atual garanta o livro impresso e e-book; ouça a radio nos equipamentos modernos, mas não se desfaça do rádio à pilha, reserve luzes de emergência, velas e baterias; pense nas possibilidades da geração de energia pelo sol; descubra jogos e brinquedos antigos que sua família jogava e conte muitas histórias aos familiares até superarem a falta de energia elétrica.
Ao finalizar esta reflexão, sugiro que você possa ler também o livro denominado “O Quarto Pilar” da escritora lourenciana Cleia Dröse, que nos convida “a refletir sobre o passado que estamos construindo neste momento, enquanto espécie”.
Rodrigo Seefeldt é condutor local do Caminho Pomerano, Bacharel em Desenvolvimento Rural (PLAGEDER - UFRGS), Fundador do RuralidadesSul e escritor integrante do CEL – Centro de Escritores Lourencianos.
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