Não se engane, esse futuro está mais próximo do que imaginamos, e por vezes dá as caras no presente. A título de exemplo, as recentes precipitações intensas ocorridas no Rio Grande do Sul representam de modo didático as possibilidades que nos aguardam.
Você poderia perguntar neste momento: “Mas estes casos fortuitos não foram sempre comuns?”Talvez, mas o que a ciência tem nos alertado é que eventos climáticos extremos só tendem a aumentar em frequência e intensidade daqui para a frente[1].
Ainda assim, não nos agarremos ao sentimento de catastrofismo iminente, mas pensemos de maneira lógica e mais inteligente. Afinal, o que pode ser feito?
O entendimento de que os negócios podem ser afetados por riscos e oportunidades externas – neste caso, o meio ambiente – é um conceito há muito tempo utilizado pelo mercado financeiro para decidir sobre investimentos: trata-se da materialidade. Isso porque, empresas que possuem estes riscos em vista, tendem a ser mais resilientes e consequentemente mais seguras.
Para além, o conceito de materialidade sofreu uma “atualização”, ganhando um caráter dúplice. Ou seja, não apenas as atividades empresariais estão sujeitas a fatores externos, como igualmente impactam o meio em que inseridas. Assim, são mais suscetíveis a conquistas de investimentos, mercados e consumidores aquelas empresas que estão engajadas com o rumo deste futuro.
Surgido em 2004 mediante relatório produzido pela ONU em parceria com grandes bancos e fundos globais[2], o termo “ESG” (Environmental, Social and Governance)[3] trata-se de uma estratégia para aparelhar empresas na gestão de negócios sustentáveis, em todos os sentidos da palavra.
Apesar da longa data, o termo teve um “boom” durante o período pandêmico, justamente quando o mundo dos negócios se depararou com os riscos de um cenário externo impensável. Diga-se de passagem, cenário este decorrente de um problema ambiental, posto que a destruição de habitats nos coloca em um contato inadequado com animais silvestres, aumentando a chance de contração de zoonoses, como o Covid-19.
E afinal, o que significa o termo ESG?
O termo é utilizado para definir um conjunto de critérios de governança ambiental, social e corporativa. Cada letra deste acrônimo refere-se a um conjunto de parâmetros, sendo esses implementados à cultura organizacional e às estratégias de negócios da empresa. Para Paula Harraca[4], tais parâmetros concretizam pilares responsáveis por definir a sustentabilidade empresarial.
Significa dizer, pois, que são critérios utilizados de modo a fortalecer interna e externamente a empresa, considerando o contexto de dupla materialidade em que circunscrita. Além da resiliência do negócio, outros benefícios proporcionados pela adesão ao ESG são a consolidação do posicionamento da empresa, a possibilidade de minimização de passivos e maximização de ativos, conquista de consumidores cada vez mais exigentes com questões socioambientais, possibilidade de expansão para o mercado internacional, entre tantos outros.
Agora lhe pergunto, o seu negócio está preparado para o futuro?
[1] IPCC. Summary for Policymakers. Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. IPCC: 2021. Disponível em https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_SPM.pdf.
Acesso em: 26 set 2023.
[2] ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SECCIONAL DO RIO GRANDE DO SUL, COMISSÃO DE DIREITO AMBIENTAL. Guia ESG da Advocacia, 2023.
[3] Ambiental, Social e Governança.
[4] HARRACA, Paula. O poder transformador do ESG: como alinhar lucro e propósito.
São Paulo: Planeta do Brasil, 2022.
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