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Guerda Maria Kuhn

Pequenos Gestos, Grandes Transformações: O Poder do Amor em Tempos de Crise


“Muita gente pequena, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, podem mudar o mundo.” Recebi o convite para escrever este artigo. “Eu?”, “por que eu?”.


Foi a primeira pergunta que fiz. Então lembrei que gente pequena, comum, simples como eu, fazendo coisas pequenas, mas com todo amor, podem, sim mudar o mundo.


Muitas pessoas usam seus dons, dedicam sua energia, talentos, tempo, “vão à luta” todos os dias, em busca de dias melhores, de um mundo melhor. Em resposta ao convite da amiga Guerda Maria Kuhn, escrevo sobre um tempo específico, período da pandemia do covid-19.


Em meados de março de 2020, a Terra parou. A economia foi freada. Aviões e carros pararam. Lojas e hotéis fechados. Estádios desativados. Igrejas vazias. O mundo globalizado entrou em colapso. As pessoas ficaram isoladas, confinadas em suas casas, pois um inimigo invisível ameaçava nossa vida.


Neste contexto, fui designada, em novembro de 2020, para fazer meu PPHM – Período Prático de Habilitação ao Ministério, em São Lourenço do Sul. Deixei a família em Novo Hamburgo: marido, filhos, nora e pai, recentemente viúvo.


Confesso que minhas expectativas eram grandes para o PPHM, queria viver a Palavra de Deus em comunhão com as pessoas. Diante das restrições, veio o questionamento: “Como fazer?” Tivemos que nos adaptar a uma nova realidade e nos reinventar. Reinventar nossa maneira de viver, mudar o foco de prioridades e dar um novo olhar para nossa vida. O filósofo Sartre já dizia: “não importa o que a vida fez de você. Importa o que você fez com o que a vida fez de você”.


Foi preciso colocar em prática a “cultura do crescimento”. Esta estimula o aprendizado e propicia a desafiadora experiência de aproveitar as oportunidades e permitir transformar-se com a vivência apresentada.


Era necessário fazer diferente. Mas não deixamos de viver igreja; o fizemos de outra forma. Através das tecnologias, surgiram novas modalidades de anunciar a Palavra de Deus. Nos tornamos uma igreja virtual. Moisés Sbardelotto tem a expressão: “o verbo se fez bit”. De fato, Jesus nos liga também pelas redes sociais. E continuamos de maneira híbrida.


A mudança repentina em nossas rotinas trouxe aflição, ansiedade e medo. A incerteza tomava conta, a dúvida de quanto tempo isso tudo iria durar. Foi preciso adequar-se às normas, seguir decretos, viver um dia depois do outro, num mar de incertezas. Foi preciso ter paciência para manter a calma e o controle emocional. O apóstolo Paulo escreve aos romanos assim: Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação e perseverem na oração. Rm 12.12.


As pessoas careciam de alguém para orar com elas, conforme 1 Rs 5.1. Careciam de sentir-se amadas e cuidadas pelas mãos bondosas de Deus, com esperança de que Ele continuava nos guiando e cuidando de nossos dias.


Com liberação do meu mentor, fiz muitas visitas. Claro que fui cuidadosa, fazia uso de máscara. Tomava muitos banhos por dia, de água e de álcool em gel nas mãos. Muitas visitas foram no portão das casas. Quando entrava nas casas, tirava o calçado e mantinha distância segura.


Tinha para mim a oração de Lutero: “Senhor, faz com que a tua palavra seja tão clara em meu coração que muitas pessoas possam receber consolo e alegria por meio dela.”


Clamava ao Senhor para ouvir a voz das pessoas que se ajoelhavam para clamar por compaixão, para secar as muitas lágrimas derramadas, e lhes dar esperança.


Numa destas visitas, conheci a Enfermeira Guerda Maria Kuhn, que trabalhava na linha de frente no atendimento às pessoas com Covid – Posto de Saúde Central e depois na vacinação, chegando a trabalhar 20 horas por dia, por meses e meses, sem descanso. Neste período, ela compôs os hinos: Súplica ao Pai, Caminhar em Comunhão, Cruz Está Vazia, Luz Verdadeira, Deus nos Liberta, Esperança e Bênçãos de Deus; em parceria com Rose Mota, a partir de meditações feitas por mim.


Tenho ciência da responsabilidade como Ministra da IECLB na sociedade, pois viver é algo que demanda resposta. Como ministra, tenho este papel de ajudar as pessoas a darem esta resposta. Agostinho diz que o ser humano tem um vazio e este vazio é do tamanho de Deus. Ainda diz que estamos inquietos enquanto não descansamos em Deus. A espiritualidade ajuda a viver com este vazio. Espiritualidade passa pelo olhar no olho, pelo ouvir com empatia e ter cuidado com o ser humano, pelo estar ao lado e orar juntos.


Minha ação de comunicar e testemunhar a Palavra, assim como a tua ação diária, podem não ser reconhecidas por “todo mundo”, mas certamente conseguimos tornar melhor “o mundo de alguém” todos os dias. Este artigo quer motivar você a fazer a diferença onde está, na situação em que está vivendo: “seja a mudança que você quer ver no mundo!” (Gandhi) Creio que tudo começa com Deus e nele encontramos propósito (Colossenses 1.16). Ele é o ponto de partida, a fonte da vida; minha vida foi feita por Ele e para Ele.


Fui escolhida por Ele por causa do seu amor (Efésios 1.4) para dar frutos (João 15), levando o amor fraterno e sendo instrumento do seu agir junto às pessoas.


Sigo o caminho que Deus abre à minha frente, pois “até aqui o Senhor me trouxe” (1 Samuel 7.12) e “estará comigo até o fim dos tempos” (Mateus 28.20). Amém!


Clair Rosane Scherer Casagrande

Ministra na IECLB




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