
Tenho muitas lembranças de infância de ver meu pai constantemente com um rádio à pilhas nas mãos. Em uma época em que a televisão era ainda algo inacessível para algumas famílias, o rádio era o centro das atenções fosse para ouvir as últimas notícias ou as músicas que alegravam os dias dos ouvintes. Definitivamente, meu pai foi um fã do rádio. Muitos anos depois, nós, seres da era da Internet, do celular e das redes sociais, passamos por um evento meteorológico que, por alguns dias, nos tirou tudo isso. Nos dias pós ciclone extratropical, nos fomos privados de itens básicos como o fornecimento de água potável e de energia elétrica, consequentemente ficamos privados das nossas atuais paixões tecnológicas. Sob a luz de velas, passamos algumas noites vivendo uma verdadeira e saudável volta ao passado com conversas entre os familiares em torno da mesa, como se fazia antigamente. Foi nessas condições que as minhas lembranças vieram à tona. E assim, percorri todas as lojas da cidade em busca do bom e velho rádio à pilhas, um antigo amigo quase esquecido nos dias atuais.
Encontrei alguns modelos e optei por um que além das tradicionais faixas de frequência AM / FM, me propiciasse a recepção em ondas curtas a fim de ouvir emissoras de distantes rincões desse nosso mundo. Pronto! Após buscar as pilhas no supermercado, voltei para casa trazendo cuidadosamente o precioso embrulho. Por alguns dias e noites, as ondas do rádio invadiram ambientes e ouvidos, me remetendo a outros tempos. Senti ainda mais saudades do meu pai e do seu inseparável rádio. Além de tudo, voltei a dar valor a um equipamento que estava quase esquecido. Apesar de toda a evolução vivida por nós nas últimas décadas em termos de tecnologia, percebi que o bom e velho rádio à pilhas jamais deixará de ter o seu lugar ao meu lado. Definitivamente e com muita alegria, voltei ao passado. Longa vida ao rádio!

Jefferson Dieckmann
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