Teria sido fundado em 1913 mesmo? Ou em 1908?
Todos os documentos oficiais encontrados até hoje, dão o dia 18 de março de 1913 como sendo o da fundação do Sport Club São Lourenço, o primeiro clube de futebol organizado da Vila. No entanto, na página 12 da edição do jornal A Tribuna do dia 7 de setembro de 1939, na secção “A Tribuna Desportiva”, no histórico sobre aquele Clube, é citada a data de 18 de março de 1908 como sendo o de sua fundação. Poderia até ser um erro de imprensa, muitas vezes possível.
Mas o que praticamente prova que o São Lourenço foi fundado, mesmo, cinco anos antes da data considerada oficial, é a existência de um Diploma de Sócio Honorário do “Sport Club São Lourenço” (confeccionado na Lithografia R. Strauch, da cidade de Rio Grande), conferido em 1 o de janeiro de 1925 ao coronel Americo Ferreira da Silva – então intendente municipal – e assinado pelo presidente José Antonio Vieira, pelo secretário Alberto Frederico Hadler e pelo tesoureiro Albino Schreiner Filho. Ele mostra, de forma clara, no centro de uma coroa de louros, as palavras: “Fundado em 1908”! Isso prova, sem dúvida, que o clube lourenciano vermelho-e-branco é cinco anos mais velho do que o que vem sendo considerado.
Um motivo a mais de júbilo e de orgulho aos seus associados e simpatizantes! O colorado Esporte Clube São Lourenço é mais antigo do que o colorado mais famoso, o Esporte Clube
Internacional de Porto Alegre (fundado em 1909, um ano depois do nosso!).
O mais antigo. Seus fundadores. O velho estádio
Fundado a 18 de março de 1908, o Esporte Clube (nos primórdios: “Sport Club”) São Lourenço é o mais antigo dos clubes de futebol do município de São Lourenço do Sul e um dos mais antigos do Estado.
Foram fundadores, com certeza: José Antonio Vieira, Octacilio Fiorame, Theodoro Brauner Sobrinho, Americo Soares Ferreira, Lothario Facundo da Silveira e Olímpio Macarthy.
E Ondina Fiorame foi sua primeira rainha.
Desde que foi fundado, ocupou a mesma localização: um quarteirão inteiro que pertencia à firma rio-grandina “Anselmi & Erico Gama”, terreno esse que foi adquirido por José
Antonio Vieira, em nome do Sport Club São Lourenço, no dia 25 de agosto de 1920. O jornal lourenciano O Tempo, que circulou três dias depois, noticiou o evento, esclarecendo que “...o terreno que há anos vinha ocupando (o clube que o adquirira agora), entre as ruas Pinheiro Machado, Deodoro, Garibaldi e Estero Belac, que será em breve tapado (cercado).”
No dia 17 de dezembro de 1933, foi inaugurado o campo cercado deste clube, quando era presidente Fábio Bueno. Para a ocasião, foi convidado para apadrinhar o acontecimento o Sport Club Marítimo, com seus primeiro e segundo times. A preliminar terminou com um empate de 0 x 0 e, atuando como juiz Carlos Schmidt, de Pelotas, a partida de fundo terminou com a vitória do São Lourenço por 3 x 0. O dono da casa atuou no jogo preliminar com: “Hugo, Arturzinho, Teodoro, Baiano, Oscar, Marinônio, Joãozinho, Lourenço, Dorneles e Heitor; e no jogo principal com Antonio Cury, René Laforet, Juvenil Brauner, Olegário, Arno, Hugo Wienke, Mario Vieira, Plinio Brauner, capitão Pinheiro, Nede e Pedro Tomaschewski. Na reserva ficaram: Geraldo, Sylvio Vieira, Armando, Jordão e Eloy” (infelizmente não pudemos confirmar vários sobrenomes, que seriam importante para a história esportiva lourenciana).
O reerguimento, a construção e a inauguração do pavilhão
A 28 de março de 1939, terça-feira, foi eleita uma diretoria disposta a reerguer o veterano, já que suas atividades estavam paralisadas desde 1935. Na ocasião, foi eleito para presidente Guido Weymar, para vice Dario Brauner e para 2 o vice Ignácio Crespo.
Completavam a diretoria: Antonio Cury (1 o secretário), Antonio Jesus dos Passos (2 o secretário), Pamphilio Friedo Stenzel (tesoureiro), dr. Pio Soares Ferreira (1 o orador), Darcy Di Calafiori (2 o orador), Plinio Brauner (capitão geral), professor Armando das Neves (adjunto), Sylvio Vieira (guarda-esporte), René Laforet (adjunto). Como presidente de honra foi escolhido o prefeito municipal, capitão Leonidas Ribeiro Marques. Era intenção construir um muro de alvenaria à volta do campo e erguer um pavilhão (arquibancadas cobertas).
Sob essa direção foi iniciada, efetivamente, uma grande campanha para construir-se um
magnífico pavilhão, logo no início. E já em abril desse ano o clube ganhava de Americo Ferreira da Silva a quantia de mil telhas francesas para a cobertura da grande obra que, então, se iniciava. A euforia de seus dirigentes e torcedores era indescritível. Pensava-se em construir também, conforme noticiou A Tribuna de 15 de abril desse ano, “canchas de tênis no Esporte Clube São Lourenço, causando os mais calorosos aplausos, especialmente entre o belo sexo.”
No dia de Natal, 25 de dezembro de 1939, foi inaugurado com festa esse pavilhão pioneiro. Para apadrinhar o evento, foi convidado o Esporte Clube Pelotas da vizinha cidade. Nessa ocasião o estádio já estava totalmente cercado com muros: duas faces construídas com alvenaria e duas com tábuas. O seu belo gramado era rigorosamente obediente às regras
internacionais de futebol.
Dentre os presidentes que haviam até então ocupado lugar de destaque pelos serviços prestados à entidade, eram lembrados os nomes de Frederico W. Niemeyer, Ramiro Gama, João Jobim Duarte e Moacyr Ferreira.
A modernização do pavilhão e a construção de camarotes
No dia 20 de agosto de 1948, numa sexta-feira à noite, um grande melhoramento foi
inaugurado na sede do Clube: a reforma da bonita, moderna e confortável arquibancada coberta (denominada na época de pavilhão), que levou o nome do Dr. Pio Soares Ferreira.
Na realidade, a cerimônia serviu também para a inauguração de outras importantes
melhorias dentro do “stadium” do São Lourenço e uma multidão de simpatizantes reuniu-se no seu gramado para assistir à programação. A fachada, fartamente iluminada, dava um aspecto festivo ao prédio. E no interior, com as dependências do pavilhão totalmente lotadas, com representantes do mundo oficial lourenciano, associações de classe, associados e famílias, davam um clima festivo magnífico à festa.
O presidente Pedro Tomaschewski e a representante da madrinha do clube, Iná Terezinha Schild, convidavam a todos para assistir ao corte da fita alvirrubra que vedava a entrada da escadaria para os camarotes (inéditos em São Lourenço do Sul) e arquibancadas, o que foi realizado pelo dr. Pio Ferreira. Uma placa de mármore – oferecida pelo sócio Pio Sotero
de Quevedo – fixada na obra, dizia: “Pavilhão Dr. Pio S. Ferreira”.
Diretoria da época: presidente - Pedro Tomaschewski; tesoureiro - Manoel Balreira Vargas; diretor de patrimônio - Alexandre Berwaldt; vice-presidente - Hilmar Berwaldt; presidente de honra - Pamphilio Friedo Stenzel; orador - dr. Álvaro de Carvalho.
Agora, o pavilhão, construído e inaugurado em 1939, podia rivalizar-se, em conforto e grandiosidade aos existentes em grandes clubes de centros maiores. Usaram da palavra na ocasião da inauguração das melhorias, Darcy Baumgarten, em nome do Grêmio Lourenciano; Lourenço Eduardo Eustáquio dos Santos, em nome do Mocidade Futebol Clube; Nestor Graeff, coletor federal, e dr. Pio Ferreira, o homenageado daquela noite.
Numa das dependências térreas onde estavam expostos valiosos troféus, foi obsequiado
aos sócios uma grande variedade de doces e líquidos. No Livro de Ouro, foram subscritas
inúmeras quantias que alcançaram regular importância.
No pavilhão, com acabamento perfeito, havia amplo espaço nos doze camarotes – estrategicamente construídos e que permitia total e panorâmica visão de todo o campo – e, nas arquibancadas, conforto, com assento de madeira, degraus de cimento e escadaria de concreto armado, além de pintura com tinta a óleo, tanto nas dependências externas como internamente.
Os proprietários dos camarotes, pela ordem de entrada do campo, eram: Irineu Soares, João Bersch, Octacilio Fiorame, Americo Soares Ferreira, Antonio Jesus dos Passos, dr. Pio Soares Ferreira, diretoria do São Lourenço, Hilmar Berwaldt, Pedro Tomaschewski, Otto Schild, Plinio Brauner e Antonio Candido Soares Ferreira.
Encontrava-se em construção, na época, a casa de moradia do ecônomo, um prédio com
várias peças e bastante confortável.
A associação futebolística vermelha-e-branca era motivo de orgulho para todos os seus
associados. Os consecutivos presidentes revezavam-se em realizações. Jamais, em toda sua
história, o Esporte Clube São Lourenço havia experimentado tantas melhorias. A equipe
principal, dificilmente perdia um jogo mesmo jogando fora de casa e em cidades vizinhas...
A “Sociedade Feminina”
Todos os eventos do São Lourenço eram prestigiados pelas mulheres torcedoras da época, a maioria ligada a dirigentes daquele clube esportivo. Sentindo-se elas fortes, em 16 de setembro de 1939, uma entidade que recebeu a denominação de “Sociedade Feminina do
Esporte Clube São Lourenço” foi criada, sob a presidência de Ondina Fiorame Gotuzzo. A
restante diretoria escolhida ficou constituída pelos seguintes nomes. Vice-presidente: Maria
Vieira Bueno; secretária: Helena Silveira de Laforet; 2ª secretária: Rosa (“Rosinha”) Serpa Soares; tesoureira: Jacy Almeida Passos; 2ª tesoureira: Guilhermina Russo Ferreira; oradoras:
Iná Passos e Gertrudes (“Tudinha”) Pereira; comissão de contas: “Nazinha” Damé Fiorame,
“Córa” Ferreira Soares, Marina Maia de Vargas, Amalia Geronima Soares (“Mimosa”)
Ferreira, Palmira Bauer Vargas e Wanda Lobato Lessa; diretoras: Maria Hubrig Soares, Joana
Milman Braunstein, Maria Knopp, Irene Pata, Luci Pires, Cila Maia Crespo, Edula Castro, Délia R. de Castro, Luci Amaral Neves e Adele (“Adela”) Schneid Maia.
FAC SÍMILE DO DIPLOMA COM A CLARA DATA DE FUNDAÇÃO ESTAMPADA: 1908 (ACERVO DE MARIA HELENA TEIXEIRA SPIERING).
INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO EM 1939: JOGADORES DO SÃO LOURENÇO E DO PELOTAS.
PAVILHÃO DO SPORT CLUB SÃO LOURENÇO, CONSTRUÍDO E INAUGURADO EM 1939 (ACERVO: CASA DA CULTURA DE SÃO LOURENÇO DO SUL.
CAMPO DO SÃO LOURENÇO NO DIA 11 DE NOVEMBRO DE 1934, JÁ FECHADO COM MURO EM TODO O SEU PERÍMETRO (O FOTÓGRAFO, GUIDOHAMMES, ESTAVA NA AVENIDA GARIBALDI, HOJE SONY CORRÊA).
ANO DE 1935. JOGO NO ESPORTE CLUBE SÃO LOURENÇO. ASPECTO DA ASSISTÊNCIA. NOTAR QUE TODOS COMPARECIAM COM A “ROUPA DE DOMINGO”. ATRÁS DOS ASSISTENTES SERIA CONSTRUÍDO, ALGUNS ANOS DEPOIS, O PAVILHÃO.
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