No mundo atual, globalizado, moderno e em constante substituição, andar num tradicional fusquinha pode ser considerado um ato de resistência e resiliência. Estamos acostumamos com as novidades tecnológicas, facilidades instantâneas e no universo automobilístico a variedade de carros mais potentes e computadorizados é inimaginável.
A aventura e a sensação proporcionada pelo fusca são incomparáveis. Nas ruas e avenidas o bom e velho fusca é chamativo, convida o imaginário das pessoas, a lembrarem de histórias surpreendentes. Afirma-se que o fusca em inúmeras cidades é afamado como patrimônio local.
Além de todas as experiências e vivências, o fusca possibilita lições de vida que tornam seus condutores, usuários e admirados pessoas diferenciadas. Na correria das atividades diárias talvez não tenhamos tempo de observar as coisas simples da vida, mas o fusqueiro tem em seu imaginário um mundo de expectativas.
O fusca anda devagar, o que permite explorar o caminho percorrido, suas paisagens, lugares e pessoas, fazendo amigos e soltando uma boa buzina para os velhos e novos conhecidos.
O fusquinha exige paciência, assim como nas adversidades da vida. Em diversos casos é necessário parar um pouco, respirar, esfriar a bobina e replanejar a rota. Uma boa conversa e um afago não fazem mal a ninguém.
O fusca desde que foi planejado é um carro pequeno, ainda assim carrega sonhos, acolhe famílias, amigos e amores, demonstrando que precisamos de afeto, carinho, empatia e solidariedade.
As janelas dos fusquinhas permitem ter uma boa visão de vários ângulos diferentes. Assim como no decorrer de nossa vida precisamos escutar e olhar todos os lados e ângulos de uma história, sabendo que existem visões e opiniões divergentes, e nem por isso, precisamos brigar e seremos inimigos.
O motor do fusca é considerado seu coração pulsante fazendo com que o conjunto de sua estrutura icônica desfralde. Por isso cuide de seu coração, de sua saúde física e mental, seu motor precisa estar bem para seguir rodando.
Andar de fusca é uma lição de vida, muitos podem ponderar como loucura e devaneio. Porém, desconheço carro que mesmo com suas cicatrizes do tempo, ofereça acolhimento, reflexão, sentimento, amizades e amor.
Rodrigo Seefeldt- Condutor local do Caminho Pomerano, Bacharel em Desenvolvimento Rural, Fundador do RuralidadesSul, integrante do CEL – Centro de Escritores Lourencianos e autor do livro “As Aventuras do Fusca Amadinho”.
-Texto originalmente publicado na 21º Antologia do CEL – Centro de Escritores Lourencianos (2023).
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