
Como vimos no artigo anterior, entre novembro e dezembro de 1949 foi construído, na presidência de Jesus Passos, o então revolucionário piso de parquê, ainda desconhecido dos lourencianos, considerado como sendo a melhor pista de danças que jamais existiu em São Lourenço do Sul...
Sob a mesma presidência, um evento social novo, desconhecido até então no município, explodiu na sociedade lourenciana: na noite de 31 de dezembro de 1949 para 1 o de janeiro de 1950 foi realizado o primeiro baile de debutantes da cidade, sendo apresentadas à sociedade 25 meninas - moças, ocasião em que, com casa superlotada, foram entregues aos sócios o moderníssimo piso e outras visíveis melhorias.
A partir dessa data, e sob a presidência de Alfredo Kroll, Frederico Buss, Américo Ferreira (que construiu a ampla churrasqueira externa), Plínio Brauner, João Haag, de novo Jesus Passos, Friedo Stenzel, Pedro Tomaschewski e Romeu Martins, orquestras de renome, brasileiras e internacionais, como as argentinas “Señores del Tango” e “Al Mônaco”, a espanhola “Suspiros de España” e várias outras se apresentaram na “Sete”, tendo ficado na história a presença de Gregório Barrios, famoso cantor paraguaio, líder do hit parade da época, além dos tradicionais bailes do chope quando, em 1966, em sua primeira edição, tocaram “Os Velhinhos Transviados”.
A Sociedade viveu seu tempo de glória desde a fundação até o início dos anos sessenta. Mas os dirigentes, que desde a fundação até então, se revezavam na presidência, vice-presidência, tesouraria e secretaria, não se preocuparam em formar novas lideranças entre os mais jovens.
Com o envelhecimento ou falecimento deles, gradativamente, faltaram líderes, vindo, consequentemente, a lenta agonia - ainda sendo presidido por um remanescente com menos idade, Romeu Marroni Martins, durante cerca de uma década, e praticamente sozinho, auxiliado apenas por amigos próximos e familiares, tendo sido ele o presidente que realizou o primeiro Baile do Chope em São Lourenço do Sul e vários subsequentes - até quase falir completamente no final da década de 1970.
A partir de 1982 – após cerca de oito anos de inatividade – na gestão de Sérgio Wienke, houve uma verdadeira “sacudida”, uma gradativa recuperação e, lentamente, a “Sete” foi restaurada, sendo também reeditados os bailes de debutantes e do chope, além de ter sido realizada ampla campanha para aumentar o número de sócios, com sucesso absoluto.
Paulo Brauner o substituiu, ficando responsável pela sociedade por cerca de quatro anos.
Em 1988 foi criada a Südoktoberfest (idealizada e tendo a liderança, o entusiasmo e a orientação da professora Soleni Peres Heiden, que foi realizada anualmente no parque da Sociedade por três edições) e modernizados os estatutos da “Sete” quando foi presidente Lélio Luzardi Falcão que contou com o imprescindível apoio da professora Soleni Peres Heiden, idealizadora e líder da festa de outubro, hoje o maior evento turístico do município. Infelizmente, por desentendimento entre alguns diretores líderes da “Sete” e do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sonnenschein, houve uma irreversível cisão, resolvendo esse último separar-se do clube que o viu nascer, tomando rumo próprio.
Em 1992 foram reinauguradas as modernas e então oficiais canchas de bolão, construídas pelo presidente Ary Heiden, o que trouxe de volta o entusiasmo pelo tradicional esporte, encorajando a realização de inesquecíveis torneios e fazendo retornar, como nos velhos tempos, o grande movimento noturno da Sociedade.
Em 1993 foram inaugurados os modernos levantadores automáticos de pinos, adquiridos graças a iniciativa e à campanha liderada pelo diretor do departamento de bolão, o médico Edilberto Luiz Hammes, sob a presidência inicial de Lélio Luzardi Falcão e, posteriormente, de Sidnei Conrad. Para complementar a belíssima cancha, foi construído por Ary Heiden, sob inspiração e orientação do diretor Hammes, um grande painel de madeira de imbuia onde, no centro, foi fixado o antigo e histórico símbolo da Sociedade dos Atiradores Germânia esculpido em madeira de cerejeira pelo exímio entalhador pelotense Gerhard Geppert, medindo aproximadamente um metro de altura.
Em 1996, na gestão do presidente Edilberto Luiz Hammes, foi realizada a primeira edição da Bierfest, substituídas as luminárias antigas do salão por ventiladores de teto e embutidos nas paredes todos os dutos da distribuição elétrica da casa. Ainda sob sua presidência foram construídos os vestiários para a prática do futebol de sete, comprados os altos postes de concreto para sua iluminação, cercado o seu pátio com muros à prova de intrusos, além de ter sido colocada a tela de arame com a finalidade de separar a parte social do campo de futebol de sete, e construído o tão esperado (durante décadas) banheiro contíguo à churrasqueira externa.
Na gestão do presidente seguinte (1997-98), Luiz Carlos da Silva, foi concluída a cancha gramada do futebol de sete, implantada e inaugurada sua iluminação e terminados os seus vestiários, tendo sido dado seguimento a mais duas edições da Bierfest (quando começou sua expansão) e construída a calçada iluminada, com postes decorativos, do pátio contíguo
ao salão de bailes.
Depois dessa gestão, alguns presidentes colaboraram para que o clube octogenário prosseguisse vivo, mas já sem qualquer entusiasmo e com ausência de realizações. Na primeira década do século 21, cumprindo uma exigência do governo federal, todas as “sociedades” no qual se enquadrava a velha “Sete” deveriam ser denominadas “associações”, sendo necessário a adaptação dos seus estatutos, que foram elaborados com a orientação do advogado e professor Dr. Ingolf Kaltbach, sendo findado a 17 de janeiro de 2006, agora já com a nova denominação: Associação Cultural Sete de Setembro, o que facilitaria o recebimento oficial de eventuais incentivos financeiros.
Ficando praticamente sozinha, cansada e sem o apoio necessário coincidente com o abandono de praticamente todos seus associados a presidência da associação acabou ficando nas mãos de uma das maiores entusiastas da história da Sociedade, professora Soleni Peres Heiden, que foi praticamente obrigada a alugar as benfeitorias para a Prefeitura
Municipal que a usou como sede da Secretaria Municipal de Ensino durante vários anos, iniciando no governo do prefeito José Nunes, para que, pelo menos, tivesse algum saldo para eventuais reparos futuros.
Até que, em 2016 - em acordo prévio com o Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sonnenschein - foi eleito, em assembleia geral, Sérgio Hax que com sua esposa Roselaine e com o entusiasmo e total apoio dos componentes e familiares do Grupo Sonnenschein, assumiu a presidência para, com sua diretoria, recuperá-la fisicamente e fazê-la, com certeza, voltar aos seus dias de glória.
O que realmente aconteceu: após algum tempo de importantes reformas, incluindo a troca de todo o velho telhado original, o belo salão foi reinaugurado pelo Grupo Sonnenschein na noite de 2 de setembro de 2017 com um inesquecível jantar comemorativo.
A trajetória da mais que centenária Schützenverein Germania, da Sociedade Recreativa Sete de Setembro e da Associação Cultural Sete de Setembro, como se viu, foi palco de incontáveis realizações esportivas e recreativas pioneiras em nosso município, merecendo o reconhecimento como Patrimônio Cultural não só lourenciano como estadual, uma sugestão
aos influentes representantes de nosso município...
Primeiro Baile de Debutantes de São Lourenço do Sul

Caneco do sétimo Baile do Chopp

Ivan Wetzel, primeiro presidente do Sonnenschein, e Professora Soleni Peres Heiden idealizadora da Südoktoberfest (jornal O Lourenciano)

Cancha do jogo de Bolão com levantadores automáticos

Canecos da primeira, segunda e terceira Bierfest

Reinauguração do novo salão da Sete pelo Sonnenschein em 02/09/2017 (Agência Yaih)


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