A nossa vida está em uma constante mudança, dia à dia. O tempo passa, nessa pele e conceitos enrugam e a adaptação se faz necessária. Enquanto as águas que tornaram o nosso Maio uma tragédia, baixam, novos planos precisam ser feitos e novos rumos traçados. Enquanto as ruas começam a ser limpas, a areia ser devolvida aos seus leitos originais e o lixo recolhido, as vidas também precisam ser retomadas. Muitas dessas vidas já não serão iguais ao período anterior às enchentes. Muitas casas e sonhos já não existem, muitas pessoas já não voltarão ao convívio de seus familiares. É tempo de desconstrução e de reinício. Desconstruir material e mentalmente o que passou e foi levado e tomar a decisão de um reinício. Morar em locais diferentes, edificar novas paredes, viver novos sonhos, mesmo que estes sejam apenas e tão unicamente não vivenciar mais esse horror.
É também preciso começar a ouvir o que a Ciência tem a dizer. O clima do mundo mudou e tende a mudar mais ainda. A solidariedade e a empatia já não serão suficientes para amenizar prejuízos e mortes dentro de um talvez breve espaço de tempo, infelizmente. Se não houverem soluções efetivas para o controle do aquecimento do planeta e da ocorrência de novas inundações, o futuro da humanidade é temeroso.
Apesar deste assunto ser falado há anos, parece que ninguém deseja ouvir. Como consequência dessa “surdez”, vivenciamos episódios como este, deste mês de Maio fatídico. Móveis, roupas e paredes podem ser substituídos e novamente erguidos; a vida humana, não. Que essa premissa possa ser seguida à risca daqui para diante. Casas ruíram, fotografias e histórias foram perdidas, e os prejuízos são quase incalculáveis. Apesar disso tudo, prosseguir é preciso. Que possamos direcionar a nossa bússola em busca de coordenadas e tempos melhores. Continuar é necessário. Tomara que em águas mais calmas.
Jefferson Dieckmann
31/05/2024
13:01 horas
Siga o Jefferson Dieckmann no Instagram!
Comments